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Arte Viva: O MANIFESTO ANTROPOFÁGICO E O POPSTAR WASHINGTON LUIZ (ARTE, MOVIMENTO E POLÍTICA CULTURAL NA REPÚBLICA VELHA /1889-1930)

  • José Ribamar Mitoso
  • 23 de out.
  • 2 min de leitura

Leitora, leitor, estão bem? Talvez esteja enganado, o que é normal em qualquer escritor desparafusado como eu, mas se lerem este texto livre esperando o óbvio, o simplório, o previsível ou o dogmático-maniqueísta enlatado, irão "disconcordar" dele. Leiam com olhos livres. E a mente relaxada. Não doerá. Verdade.     


Take it easy. Mesmo que no início do século XX o movimento cultural dos povos indígenas ainda fosse frágil e fragmentado, os olhos atentos  de Oswald'e Andrade perceberam que a antropofagia Tupinambá era mais que um gesto bélico de legítima defesa. Era um gesto estético. Tupi or not Tupi. That's the question. Eis a questão.


Em  1928 , Oswald escreveu o Manifesto Antropofágico contra o colonialismo estético, "contra todos os importadores de consciência enlatada". Nada de Importar estéticas e adaptá-las. De transformar "O pensador", de  Rodin, em "Abaporu". Mas transformar Cobra Grande em Cobra Norato e exportar a estética indígena ancestral. 


Flashback. Em 1922, quando ocorreu a Semana de Arte Moderna, o presidente de São Paulo era Washington Luiz,  escritor, historiador, cantor lírico e frequentador de  saraus modernistas.Apoiou a Semana.E determinou a publicação dos Anais do Museu Paulista para popularizar a história de SP. Ele próprio escreveu um livro sobre. 


Foi eleito Presidente da República para o mandato de 1926-1930. Em 1927,  legalizou e "deslegalizou"  partidos e entidades trabalhistas. Proibiu manifestações. Institucionalizou a censura à imprensa. Pagou de censor hipócrita que entra em streptease e  tapa os ouvidos. Ele prendeu o hífen. Interrogou a vírgula. Ridículo. 


Porém, surpreendam-se, leitora e leitor. O Manifesto Antropofágico, de maio de 1928, iluminou o escritor WL e o fez criar uma política cultural de garantia dos direitos do(a)s profissionais da cultura. Os Decretos 5492/jul/28 e 18537/28 instituíram a primeira regulamentação da relação capital/trabalho cultural na América Latina. 


Leis top.Garantiram a artistas e técnicos contrato de trabalho, jornada de 8 horas, salário, indenização por rescisão, licença para tratamento de saúde, indenização por acidente de trabalho, penhor sobre material de trabalho , a condição de credores privilegiados sobre o ativo de massa falida e direitos autorais com sistema de registro.


Artistas e técnicos  de teatro, música, opera, dança, circo, mímica e magia deixaram de ser escravos.Outros ainda vivem na informalidade até agora. Oswald nhenhenhém - somos apenas brasileiros. Misto de "dorme nenê que o bicho vem pegá" e de equações. O dirigismo cultural do Estado Novo na próxima Arte Viva.



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Escritor, Dramaturgo, Professor da Universidade Federal do Amazonas e Doutor em Artes, Movimentos Culturais e Políticas Culturais no Brasil entre os séculos XVI e XXI.     

Rio de Janeiro (RJ), 23/10/2025.

*Toda quinta-feira publica no site EPCC sua Arte Viva. 

 
 
 

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