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Crônicas do cotidiano: O berço esplêndido virou divã

  • Foto do escritor: Walmir de Albuquerque Barbosa
    Walmir de Albuquerque Barbosa
  • 18 de jul.
  • 3 min de leitura

Circula por aqui uma propaganda, na qual um dos protagonistas respondendo à sua própria questão, conclui com a sentença: “O Brasil precisa mesmo ser investigado”! Taí, o Trump levou isso a sério e aplicou a Seção 301, da Lei de Comércio dos EUA, para investigar o Brasil, com indagações do seu próprio Id, já que não pode dizer ao filho de seu amigo que o pai está morto. Assim, o “berço esplêndido” virou divã psicanalítico e o Brasil responderá aos “analistas” de Trump. Contudo, grande parte do povo brasileiro quer saber mesmo é o seguinte: como conseguimos, em tão pouco tempo, formar: um novo batalhão de generais golpistas; uma corja de lesa-pátria, que se diz “exilada voluntária”, pedindo punições ao país e a seu povo; uma máfia de empresários encantonados nos bancos, financeiras, “fintechs” e bets, apostando no caos, financiando economistas fajutos e famosos, que passaram por cargos importantes das finanças públicas, conheceram seus segredos e os venderam, como judas, à Faria Lima; como pode formar tantos jornalistas cínicos em tão poucas décadas, que fazem morada nos bastidores, pegam bilhetes dos lobistas e transforma-os em comentários ferinos contra o governo para influir, com o beneplácito de seus patrões, na opinião pública; como pode contar em tão pouco tempo com fascistas empoleirados em toda a máquina do Parlamento, eleitos com o voto popular; como tantos empresários da indústria e do agronegócio, que encheram aviões nas viagens governamentais para abrir novos mercados, continuaram a financiar os traidores da pátria, os fascistas de plantão fora dos quartéis e da máquina pública ou mesmo sentados nos bancos dos réus. E todos, como na canção de Chico Buarque, “Geni e o Zepelim”,  “jogando pedras e bosta” no Governo Lula: “não sabe para onde vai”, “aliado de ditaduras”, “provocador de aliados históricos”, “antiocidental”, “desequilibrado”, “perseguidor dos defensores da liberdade”, “incompetente”, “gastador”, “corrupto”, “polarizador”. Eis que, a pedido dos lesa-pátria, chega no Zepelim Dourado o Comandante Louro e aponta os seus canhões para os incautos, deslumbrados, vira-latas e economistas desalmados, que pregam o caos pela manhã e engolem à noite os bons resultados do atual governo  - crescimento do PIB, diminuição do desemprego, queda do dólar, subida das bolsas, crescimento da indústria e o país chegando à Décima Economia do Mundo. O Comandante ameaça jogar uma bomba e transformar todos em “geleia”. O “povo do mercado”, então, corre para pedir que o Governo Lula os salve - “é sua obrigação” - mesmo que tenha que lamber as botas do invasor apoiando a anistia. Hipócritas!


Tanto quanto outros países, o Brasil é vítima da insanidade de um sistema que está sendo destruído e que não tem prazo para chegar ao seu término, mas já escolheu um tirano para executar parte da tarefa. É preciso agir como se pode, porém não se deve perder a dignidade e o pouco que temos em defesa dos mais sofridos. O governo não foi cruel, importa-se com todos! Importa-se, também, com a manga apodrecendo nos containers, com o mel, com o suco de laranja, com o café, com aviões da Embraer, aço e alumínio que alimentam o comércio com o povo americano, que elegeu Trump, assim como os brasileiros outrora elegeram Bolsonaro e uma bancada de monstros para o Congresso Nacional, inviabilizando as reformas governamentais. A bandidagem empresarial quer ter papel importante nas negociações capitaneadas pelo governo e separar o Técnico do Político, isto é, quer resolver seus problemas e deixar as questões espinhosas para o Governo “se ferrar”: soberania nacional, respeito ao Estado Democrático de Direito e controle das Plataformas. Como na canção da Geni, resolvidos os seus dilemas, voltará a jogar pedras e bosta no governo.

Os Empresários que colocam a cara no vídeo é a mesma, herdeira dos latifundiários, dos  “planos safra”, da indústria subsidiada, do comércio empreendedorista que não gosta de assinar carteira de trabalho e opta pelo informal. É preciso negociar o que for possível e conseguir resultados que livrem empregos, renda e dignidade nacional. No entanto, não se pode confiar na malta empresarial e política de extrema direita, vestida em pele de cordeiro. Não inspira nenhum respeito!

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Jornalista Profissional.

Professor Emérito e ex-reitor da Universidade Federal do Amazonas.

Manaus (AM), 18/7/2025.

*Toda sexta-feira publica no site EPCC suas Crônicas do cotidiano.

Confira na obra "Trajetórias culturais e arranjos midiáticos" (2021) seu capítulo "Comunicação, Cultura e Informação: um certo curso de jornalismo e vozes caladas na Amazônia".

Confira no canal do EMERGE a entrevista no programa Programa Comunicação em Movimento 09

 
 
 

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