Mídia no Brasil: Para democratizar é preciso ter produtores capacitados
- Eula D.T.Cabral

- 5 de nov.
- 4 min de leitura
Hoje, dia 5 de novembro, é uma data especial: comemora-se o dia da cultura e da ciência, conforme Lei 5.579/70, dia de nascimento de Rui Barbosa. Data interessante para entendermos o terceiro desafio da democratização da mídia: a diversidade de produtores capacitados e qualificados para acessar e exercer o controle sobre os meios de grande circulação.
A democratização da mídia é um tema que nos interessa, uma vez que, no Brasil, a mídia brasileira, que influencia a cultura, a comunicação e a informação, é controlada por poucos conglomerados que não oferecem diversidade de conteúdo e nem permitem que a multiplicidade cultural brasileira seja difundida.
Mas, é possível mudar esse cenário? Como?
De acordo com estudos de Cabral e Cabral Filho (2024, p.16), para democratizar a mídia no Brasil é preciso levar em consideração cinco desafios: "a reformulação das políticas públicas, a apropriação das novas tecnologias pela sociedade, a diversidade de produtores capacitados e qualificados para acessar e exercer o controle sobre os meios de grande circulação, a implementação de meios locais e comunitários e a defesa da comunicação, da cultura e da informação como direitos de todos”.
O conceito de democratização da comunicação, da cultura e da informação, formulado por Eula Cabral e Adilson Cabral Filho, no capítulo "Democratização da comunicação, da cultura e da informação no Brasil e o papel das rádios comunitárias", publicado no ebook Democratização da Cultura, da Comunicação e da Informação na era digital (Cabral e Cabral Filho, 2024), também vem sendo adotado na pesquisa Cultura, Comunicação e Informação na era digital (Cabral, 2025) e na obra Economia Política da Comunicação, da Cultura e da Informação (2025).
No dia 8 de outubro de 2025, trabalhamos o primeiro desafio da democratização da comunicação, da cultura e da informação: reformulação das políticas públicas. Já no dia 29 de outubro de 2025, analisamos o segundo desafio: apropriação das novas tecnologias pela sociedade.
Hoje vamos falar do terceiro desafio: diversidade de produtores capacitados e qualificados para acessar e exercer o controle sobre os meios de grande circulação.
Mas, por que é importante termos pessoas capacitadas e qualificadas?
Em primeiro lugar, é importante ressaltar que nossa população é consumidora midiática e que poucos conglomerados controlam quase 100% do país. Logo, somente o mercado tenta ditar as regras e quem e como será qualificado para trabalhar para ele. Entretanto, em um país com mais de 220 milhões de habitantes e mais de 8 milhões de quilômetros quadrados, não existe motivo para que o cenário atual midiático seja mantido como está. É preciso investir na população para que cada pessoa use sua inteligência e conhecimento para fazer as coisas e transformar o mundo.
É importante entender que quem fica sentado, esperando tudo na mão, se torna alvo fácil de gente que desenvolve sua inteligência e adquire cada vez mais conhecimento. Ele passa a ser visto e controlado como se fosse um fantoche, como um alienado que só reclama e briga com todo mundo, pois não pára para ler, estudar e entender as coisas. Sua mente se torna vazia, seu cotidiano e sua vida se tornam sem sentidos.
Mas, é preciso mudar e melhorar a realidade midiática do país. Todos têm inteligência, porém somente os que buscam desenvolvê-la e aprimorá-la é que ajudam a si e ao outros a terem um mundo melhor.
Quantos pesquisadores tentaram entender e ajudar o ser humano a se mover nas mudanças do planeta, da sociedade, das revoluções industriais e de estar preparado e capacitado para usar as tecnologias a favor de todos e não só do mercado...
O mundo gira, a chuva cai, o sol aparece todos os dias, porém a realidade de cada brasileiro dependerá de sua disposição de se levantar todas as vezes que cair.
O Estado deveria cuidar e investir na sua população. O mercado não fará isso, pois seu objetivo é e sempre será o lucro.
As pessoas formam a sociedade e são elas que escolhem seus representantes políticos (que precisam defender e garantir ses direitos e deveres). São elas que têm condições de reivindicar e de tornar o panorama atual em algo que seja positivo para todo(a)s.
Com produtores capacitados e qualificados para acessar e exercer o controle sobre os meios de grande circulação, o jogo vira e a mídia pode ter uma nova direção. É importante termos pessoas capacitadas e qualificadas. Isso democratiza a mídia brasileira.
Também precisamos de: 4. implementação de meios locais e comunitários e 5. defesa da comunicação, da cultura e da informação como direitos de todos” (CABRAL, CABRAL FILHO, 2024, p.16). Desafios que abordaremos nas próximas edições de nossa coluna.

Autora: Eula D.T. Cabral
Doutora e Mestre, com pós-doutorado, em Comunicação Social.
Autora da obra Concentração da mídia no Brasil: radiodifusão e telecomunicações (2023).
Rio de Janeiro (RJ), 05/11/2025.
*Mídia no Brasil é publicada toda quarta-feira no site EPCC.

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