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Arte Viva: Brasa, sardinha e Brasil - pluralismo estético, movimentos e políticas culturais na travessia da democracia pós-guerra ao autoritarismo

  • José Ribamar Mitoso
  • há 3 horas
  • 3 min de leitura

"Porque a cabeça da gente é uma só, e as coisas que há e que estão para haver são demais de muitas, muito maiores diferentes, e a gente tem de necessitar de aumentar a cabeça, para o total. O senhor saiba: eu toda a minha vida pensei por mim, forro, sou nascido diferente. Eu sou é eu mesmo. Diverjo de todo o mundo. Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa. O senhor concedendo, eu digo: para pensar longe, sou cão mestre - o senhor solte em minha frente uma idéia ligeira, e eu rastreio essa por fundo de todos os matos. Amém! Vou longe. Se o senhor já viu disso, sabe: se não sabe, como vai saber? São coisas que não cabem em fazer idéia."

Matutagem de Riobaldo, narrador-protagonista de Grande Sertão: Veredas (1956), de João Guimarães Rosa.

Leitor(a), a brasa. Em meu conto "A leitora globalizada", o narrador, escritor Ajuricaba Silva, narra que uma leitora lhe disse que não lia sua obra porque ele nunca havia sido entrevistado pelo Jô Soares. Igual um idólatra, que disse que minha tese de doutorado deveria ter sido escrita pelo Chico Buarque porque ele é famoso. Vibe.


Minha sardinha. Vou puxar a brasa.  Segundo levantamento de Nayanna Kuchenbecker, das 235 teses de doutorado sobre “políticas culturais” registradas na CAPES antes de 2018, nenhuma estuda as relações entre arte, movimentos e políticas culturais no Brasil entre os século XVI e XXI, como a minha.


Existem estudos especializados sobre artes, movimentos culturais, políticas culturais, legislações culturais, história da cultura e sobre os intelectuais. Raros sobre a monarquia. A maioria sobre a República. A maioria sobre políticas culturais do Estado. Nenhum sobre as interconexões causais entre  estas instâncias sociais. 


Ao aproximar estes temas, formulei um objeto multidimensional e uma mobilização teórico-metodológica transdisciplinar para interpretá-lo. Objeto multidimensional e olhar analítico não-especializado e transdisciplinar sobre as conexões causais entre artes, movimentos culturais e políticas culturais na história do Brasil. 


A maioria das pesquisas especializadas foram feitas por pesquisadores que não participaram dos movimentos, não estiveram envolvidos diretamente com o objeto de suas pesquisas e, portanto, não são fontes primárias. São olhares externos. Pesquisei como fonte primária da arte e de movimento cultural. De ângulo íntimo. 


Mas antes que isto desperte a fúria competitiva neoliberal e lacradora  de algum(a) pesquisador(a) ou gestor(a), declaro logo que não sou pesquisador e nem gestor. Não quero o prestígio, nem o cargo de ninguém. Sou apenas um escritor/dramaturgo de arte conceitual. Alguém tem que fazer este sacrifício. 


Estes entretantos são apenas para mostrar o ângulo do olhar com o qual  tenho escrito neste site acadêmico sobre este objeto multidimensional. E porque agora é sobre a complexa fase entre a democracia pós-II guerra e a ditadura. Fase de conflito estético entre o internacional antropofágico popular e o nacional popular. 


Arte indígena ancestral, samba, choro, artesanato, folclore, mamulengo, capoeira, teatro de arena,  ISEB, cinema novo, bossa nova, concretismo, neoconcretismo, CPC da UNE, ditadura, teatro opinião, contracultura, Manifesto 66 vanguarda/tropicalismo de Hélio Oiticica, tropicália, poesia marginal. Vamos devagar. Mas pensar é livre.

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Escritor, Dramaturgo, Professor da Universidade Federal do Amazonas e Doutor em Artes, Movimentos Culturais e Políticas Culturais no Brasil entre os séculos XVI e XXI.      Participou do VIII Colóquio de Culturas Digitais: Literatura Pan-Amazônica e etnomúsica brasileira na CPLP, lançando seu livro “Noturno manauara:_contos amazônicos na desglobalização”.

Rio de Janeiro (RJ), 11/12/2025.

*Toda quinta-feira publica no site EPCC sua Arte Viva

 
 
 

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